A pedidos - Texto narrativo-descritivo

Oi, Rebeca.

Como havia prometido, uma aula sobre o texto narrativo-descritivo. Vou tentar resumir o assunto para facilitar. Mas primeiro precisamos entender o que é narração e descrição.

Narrar é contar um fato que aconteceu em um determinado tempo e lugar envolvendo determinados indivíduos - pessoas ou até mesmo animais, como acontecem nas fábulas, por exemplo. 

Descrever é desenhar as imagens do texto, de forma que o leitor possa imaginá-las como o escritor as projetou. A descrição é o relato de um objeto, pessoa, cenário, tempo. A descrição das condições climáticas são muito comuns, por exemplo, em contos de mistério e terror, pois a atmosfera ajuda a criar o clima de suspense ou medo.

Um texto narrativo-descritivo apresenta alternância entre os momentos narrativos e descritivos. Nestes textos predominam sucessão de ações sobre as inserções descritivas.
É difícil haver um texto puramente descritivo ou narrativo - nas descrições pode haver marcas das narrativas e vice-versa. Geralmente, as narrativas iniciam-se por um texto descritivo para a apresentação do cenário, local estrategicamente organizado pelo autor, para situar o leitor mais próximo dos futuros acontecimentos.

Observe o texto abaixo:

Brinquedos 
Ora, uma noite, correu a notícia de que o bazar se incendiara. E foi uma espécie de festa fantástica. O fogo ia muito alto, o céu ficava todo rubro, voavam chispas e labaredas pelo bairro todo. As crianças queriam ver o incêndio de perto, não se contentavam com portas e janelas, fugiam para a rua, onde brilhavam bombeiros entre jorros d’água. A eles não interessava nada, peças de pano, cetins, cretones, cobertores, que os adultos lamentavam. Sofriam pelos cavalinhos e bonecas, os trens e os palhaços, fechados, sufocados, em suas grandes caixas. 

Brinquedos que jamais teriam possuído, sonho apenas de infância, amor platônico. 
O incêndio, porém, levou tudo. O bazar ficou sendo um famoso galpão de cinzas. 
Felizmente, ninguém tinha morrido – diziam ao redor. Como não tinha morrido ninguém? – pensavam as crianças. Tinha morrido um mundo, e, dentro dele, os olhos amorosos das crianças, ali deixados. 
E começávamos a pressentir que viriam outros incêndios. Em outras idades. De outros brinquedos. Até que um dia também desaparecêssemos, sem socorro, nós, brinquedos que somos, talvez, de anjos distantes! 

(Cecília Meireles) 
Podemos notar nesta crônica de Cecília Meireles a alternância entre a narração: “Ora, uma noite correu a notícia de que o bazar se incendiara”, a descrição: “O fogo ia muito alto, o céu ficava todo rubro, voavam chispas e labaredas (…)”.
Veja outro exemplo:
Vou contar uma história, disse ele, e vocês façam a composição. Mas usando as palavras de vocês. Quem for acabando não precisa esperar pela sineta, já pode ir para o recreio.
O que ele contou: um homem muito pobre sonhara que descobrira um tesouro e ficara muito rico; acordando, arrumara sua trouxa, saíra em busca do tesouro; andara o mundo inteiro e continuava sem achar o tesouro; cansado, voltara para a sua pobre, pobre casinha; e como não tinha o que comer, começara a plantar no seu pobre quintal; tanto plantara, tanto colhera, tanto começara a vender que terminara ficando muito rico.

Eram quase dez horas da manhã, em breve soaria a sineta do recreio. Aquele meu colégio, alugado dentro de um dos parques da cidade, tinha o maior campo de recreio que já vi. Era tão bonito para mim como seria para um esquilo ou um cavalo. Tinha árvores espalhadas, longas descidas e subidas e estendida relva. Não acabava nunca. Tudo ali era longe e grande, feito para pernas compridas de menina, com lugar para montes de tijolo e madeira de origem ignorada, para moitas de azedas begônias que nós comíamos, para sol e sombras onde as abelhas faziam mel. Lá cabia um ar livre imenso. E tudo fora vivido por nós: já tínhamos rolado de cada declive, intensamente cochichado atrás de cada monte de tijolo, comido de várias flores e em todos os troncos havíamos a canivete gravado datas, doces nomes feios e corações transpassados por flechas; meninos e meninas ali faziam o seu mel.
Eu estava no fim da composição e o cheiro das sombras escondidas já me chamava. Apressei-me. Como eu só sabia "usar minhas próprias palavras", escrever era simples. Apressava-me também o desejo de ser a primeira a atravessar a sala -- o professor terminara por me isolar em quarentena na última carteira -- e entregar-lhe insolente a composição, demonstrando-lhe assim minha rapidez, qualidade que me parecia essencial para se viver e que, eu tinha certeza, o professor só podia admirar.
Entreguei-lhe o caderno e ele o recebeu sem ao menos me olhar. Melindrada, sem um elogio pela minha velocidade, saí pulando para o grande parque. 

(Clarice Lispector. *A legião estrangeira*. São Paulo, Ática, 1977. p. 15-6.)

Observe a técnica de composição do texto de Clarice Lispector. Nota-se ora o predomínio da descrição, ora o predomínio da narrativa.
Ao contar esta história, a autora utilizou a descrição para apresentar o espaço onde se desenrolaram os fatos da narrativa e para fornecer ao leitor os traços físicos e psicológicos das personagens. Assim, produziu um texto em que narrativa e descrição se mesclam. O texto é *narrativo-descritivo*, portanto.

Segue agora uma vídeo aula bem legal sobre o assunto:

Há um livro muito usado por professores e alunos que pode te ajudar a se aprofundar no assunto.Chama-se "Para entender o texto: leitura e redação - Platão e Fiorin" e você pode baixa-lo no link: http://search.4shared.com/postDownload/Pbc5zEO-/plato__fiorin_-_para_entender_.html

Bem, eis agora uma proposta de redação. Você pode mandar para meu e-mail (sheniamineiro@gmail.com) quando a terminar para que eu a corrija, ok? Espero ter ajudado.

*Proposta de redação*

Escreva um texto narrativo-descritivo abordando um aspecto qualquer do relacionamento entre jovens. Narre em terceira pessoa. Descreva as personagens e o ambiente em que se desenrola a história. Procure aproveitar as discussões realizadas em classe para compor as situações, os conflitos e os desafios vividos por suas personagens. Torne a sua narração ativa e interessante criando diálogos bem vivos.
Bjs mil,
Shênia Martins.

Comentários

  1. Vcs poderiam fazer uma narrativa descritiva que tenha um par de botas uma igreja e uma mulheres por favor

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  2. Valeu aí pela sua resposta 🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗😣😣🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗🤗

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  3. Não sei fazer crônica alguea me ajuda??

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  4. como iniciar um texto narrativo descritivo

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