Mais preconceito, mais cinema, mais educação
Bom dia,
Hoje vim dar mais uma dica para aquecer suas aulas e seus debates. Trouxe um curta-metragem chamado "Silent Beats". Acho que vale a pena assisti-lo primeiro antes de qualquer comentário.
Eu escolhi esse vídeo para trabalhar com um texto que saiu há poucos dias no Jornal e que fala de preconceito. É sobre uma jornalista que dizia em seu Facebook que as médicas cubanas pareciam empregadas domésticas. O texto está disponível aqui mesmo no blog:
Bem, há muito nas imagens do curta para se falar. Vou deixar aqui só as minhas impressões.
Logo na primeira cena vemos um menino negro ofegante. O que a imagem sugere? Ele estava correndo? De quem? Porque o menino é negro?
Começa a narrativa, os personagens são apresentados:
O suposto dono do estabelecimento é um coreano, suponho. Sabemos que muitos coreanos que se estabeleceram nos EUA depois de 1945 sofrem preconceito. Como todos os estrangeiros nos EUA.
O coreano, ao encontrar-se com o menino, supõe que seja um criminoso. Repare nas imagens que ele projeta em sua mente quando o vê.
Uma outra personagem entra em cena: uma mulher na terceira idade. Uma figura acima de qualquer suspeita, certo? Bem, não se engane pelas aparências...
Ela também tem suas impressões sobre o rapaz e o imagina roubando bicicletas.
O menino também faz seus julgamentos. Para ele, o coreano pode ser um imigrante ou um turista.
A história continua: o coreano o vigia, a mulher espia, a vida do menino vai sendo contada - seu batismo, a doença daquela que parece ser sua mãe e seu cuidado com ela. Um livro sobre câncer aparece em cima de uma mesa. Por que decidiram pelo câncer e não HIV, por exemplo, para ilustrar a história?
Soma-se às imagens as fortes batidas que deixam mais tenso ainda o clima.
O menino a senhora se esbarram, uma bolsa cai. Ele pensa sobre a senhora: uma velha já a beira da morte, com sua dentadura, jogando bingo.
As batidas do coração e o suor que escorrem do dono do estabelecimento ilustra sua angústia quando o rapaz se aproxima. Ele observa cuidadosamente cada movimento seu, mas a boa velhinha rouba sem preocupação. Afinal, quem vai desconfiar de uma velhinha, certo?
E finalmente conhecemos nosso protagonista. Um menino negro, temente à Deus, que cuida de sua mãe e faz sapateado.
Como assim um menino negro sapateando? vemos os negros no futebol, no basquete, mas sapateando? Lembrei-me de um vídeo do Lula, então presidente, e do governado César Maia falando a um jovem de uma comunidade carente, ao ser questionado sobre a construção de quadras de tênis no Complexo da Maré, que ele deveria procurar outro esporte, afinal, tênis é coisa pra burguês. O preconceito não termina aí. Vale a pena assistir:
Por fim, vale uma anlálise sobre o título do curta - "silent beats" (batidas silenciosas). Por que silenciosa? Uma batida não faz barulho? Para mim, o silencioso significa mais que seu sentido dicionarizado, ou seja, calado, que não se pode ouvir, significa algo que se pode esconder. Elas existem, martelam em sua mente, mas você pode fingir que ele não está lá. E os rótulos que colocamos todos os dias nos outros: a gordinha feliz, o ex-fumante chato, o bom velhinho, e por aí vai.
E vocês, o que pensaram ao assistir a primeira cena? Foi esse o final que imaginaram? Aposto que os surpreendeu. Adoro ver os rostos dos alunos quando o vídeo termina. Mais ainda, gosto da conversa de depois. Tenho certeza que será útil.
BJ, BJ.
Shênia Martins
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