TROPICALISMO - CONTEXTO HISTÓRICO
"Em 1964, o Brasil encontrava-se no olho do furacão. A
Guerra Fria – disputa entre as superpotências dos Estados Unidos e da
União Soviética – alimentava conflitos na América Latina e no País. Em
1959, a Revolução Cubana transforma Fidel Castro e Che Guevara em
heróis internacionais e atiça a pressão do bloco capitalista sobre os
países do terceiro mundo.
Por aqui, o presidente João Goulart (Jango) propõe uma
série de reformas de base para atenuar o grave problema da
desigualdade social e as pressões políticas que vinha sofrendo dos
movimentos de esquerda. Contra tais propostas – acusadas de comunistas –
formou-se um movimento da direita política e de parte da sociedade,
que preconizavam uma modernização conservadora. Com a participação do
Congresso, das classes média e alta, essa facção venceu por meio do
golpe militar de 31 de março. O Exército e seus aliados civis depuseram
o presidente Jango e entregaram o poder aos militares. O golpe,
apoiado pelos americanos, rompeu o já frágil jogo democrático
brasileiro. A concentração de renda surgiu como forma de expansão
capitalista. Castelo Branco se tornou o primeiro de uma série de
generais-presidentes ditatoriais. Seu substituto, Costa e Silva,
governou o País de 1967 a 1969, cada vez com mais poder.
Culturalmente, o País fervilhava. Até 1968, intelectuais e
movimentos de esquerda podiam agir livremente, com pequenos problemas
com a censura. A intensa produção ia das peças do Teatro Oficina aos
grupos Opinião e Arena; das canções de protesto às músicas da Jovem
Guarda, passando pelos filmes do Cinema Novo e pelas artes plásticas.
Em todas as áreas, a política fazia-se presente, mantendo acesa no
campo das artes uma polêmica que opunha experimentalismo e engajamento,
participação e alienação.
A partir de 1967, os antagonismos foram radicalizados. No campo da música, houve confrontos entre os artistas nacionalistas de esquerda e os vanguardistas do
Tropicalismo. Estes se manifestaram contra o autoritarismo e a
desigualdade social, porém propondo a internacionalização da cultura e
uma nova expressão estética, não restrita ao discurso político. Para
os tropicalistas, entender a cultura de massas era tão importante
quanto entender as massas revolucionárias.
Ainda no terreno político, 1968 foi o ano em que as
tensões chegaram ao máximo no País. As greves operárias e as
manifestações estudantis – com a conseqüente repressão policial – se
intensificaram. As guerrilhas rural e urbana aumentaram suas ações. Com o
crescimento da oposição, Costa e Silva, pressionado pela extrema
direita, respondeu com o endurecimento político. Em 13 de dezembro, o
Ato Institucional Nº 5 decretou o fim das liberdades civis e de
expressão, sacramentando o arbítrio até 1984, quando o general João
Figueiredo deixa
a presidência do País."
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