Mais ideias: Poesia!

Olá!

Quantas vezes vemos nossos alunos fazerem cara feia ao falamos em poesia? Mas será que estamos tratando a poesia de forma adequada? Afinal, poesia é tudo que nos toca, emociona. Um quadro, uma obra de arte, um belo pôr-do-sol. Já o poema também é uma obra da poesia que utiliza as palavras como matéria-prima.
Percebo que essa definição não ajuda muito a motivá-los na leitura de poemas, mas talvez os vídeos abaixo possam fazê-lo.

O primeiro vídeo é parte de uma cena da novela "O Clone". Nele, o personagem de Osmar Prado, que na trama é um alcoólico, é flagrado bebendo em serviço. Com resposta à repreensão que recebe de seus superiores, o belo poema de Álvaro de Campos - heterônimo de Fernando Pessoa -  "Poema em Linha Reta".
Poema em Linha Reta

"Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!"



A grande atriz e poetisa Elisa Lucinda defende que o poema não deve ser declamado, mas falado... tem de ser natural, tem de sair de dentro da gente. E ela realmente faz isso muito bem. Não à toa tem uma escola de poesia. Sim, para quem não conhece, eis a Casa Poema, com diversas palestras e cursos. Recomendo a todos os professores: http://escolalucinda.com.br/queme.htm
O poema abaixo é um dos mais conhecidos, "Só de sacanagem". Ele tem como tema a honestidade ou a falta dela. Excelente para se trabalhar com um professor de história - temos referência ao mensalão e a corrupção desde a época de Cabral.

Curiosidade: esse poema ficou conhecido por ter sido declamado pela cantora Ana Carolina em alguns de seus shows. 

Só de Sacanagem

Meu coração está aos pulos! 
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? 

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais." 



Antônio Abujamra com "Vão para o diabo sem mim", de Álvaro de Campos mais uma vez. Que tal falar sobre ser diferente, ou ser igual a todo mundo? Creio que esse seja um dos grandes problemas enfrentados por nossos alunos. A sociedade dita "padrões" muitas vezes inalcançáveis. Hoje, o facebook virou uma espécie de "Caras" dos não famosos, um lugar no qual "todos" postam suas incríveis viagens, seus relacionamentos perfeitos, suas novas aquisições e , principalmente, como estão felizes! Que tal um debate  sobre isso?

Vão para o Diabo sem Mim


"Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?  "


Até a próxima!

Shênia Martins















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