Novos Gêneros Textuais - Vlog

“Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.
Paulo Freire.

Boa tarde,

Peço que desculpem a demora desta postagem, mas tenho me dedicado mais a produzir meus próprios vídeos. Em breve vocês os verão por aqui.

Vou falar hoje sobre os novos gêneros textuais e propor uma atividade que pode ser realizada com alunos de qualquer ano do fundamental e médio.

Os gêneros textuais são eventos localizados historicamente e que possuem características relativamente estáveis. Uma vez que surgem das situações sociais de interação, os gêneros constituem uma lista aberta e são constantemente renovados, de acordo com as dinâmicas sociais. Alguns fatores influenciam o surgimento de novos gêneros, tais como o surgimento de novas tecnologias.
Aproveitar o interesse natural dos jovens estudantes pelas tecnologias e utilizá-las para transformar a sala de aula em espaço de aprendizagem ativa e de reflexão coletiva; capacitar os alunos não apenas para lidar com as novas exigências do mundo do trabalho, mas, principalmente, para a produção e manipulação das informações e para o posicionamento crítico diante dessa nova realidade. (KENSKI, 2007, p. 103)

Há uma nova realidade social, na qual não basta ler e escrever, mas saber responder às exigências de leitura e escrita que a sociedade moderna nos faz a  todo  momento, bem como interagir com as novas formas de socialização, como, por exemplo, as redes sociais. Desta forma, precisamos discutir o uso dos novos gêneros textuais - que com o advento da internet - surgem a todo o momento.

Para um trabalho pedagógico em sala de aula de identificação e compreensão dos gêneros emergentes veiculados na internet poder-se-ia fazer indagações do tipo: quem escreve esse gênero? Com que propósito? Onde? Como? Quando? Com base em que informações? Como o redator obtém as informações? Quem escreve esse tipo de texto? Quem lê esse gênero? Por que o faz? Que tipo de influência pode sofrer devido a essa leitura?

Comunicamo-nos linguisticamente através de textos, que podem se manifestar na modalidade escrita ou oral. A maneira como utilizamos a linguagem é definida pela situação de comunicação. Desse modo, interagimos por meio de textos que assumem as mais variadas formas, de acordo com as circunstâncias comunicativas (KOCH, 2006,2009).

  
Agora que o assunto já foi exposto é hora de decidir um gênero para trabalhar em sala. Eu escolhi o “Videoblog”. Vou explicar:

Os videoblogs possuem estrutura similar à de weblogs e fotologs, possui atualização frequente e constitui-se como um site pessoal, mantido por uma ou mais pessoas. Os vídeos são exibidos diretamente em uma página, sem a necessidade de se fazer download do arquivo.

Existem serviços de hospedagem (alojamento) de videologs gratuitos, que permitem que pessoas sem conhecimentos de edição de páginas possam publicar seus videologs na internet. Os vídeos podem ser feitos utilizando câmeras digitais ou celulares com  recurso de gravação de filmes, webcams, filmadoras analógicas ou filmadoras digitais.

Um dos mais famosos videologs é o do vlogueiro carioca Felipe Neto, 25 anos, conhecido por seu humor ácido, faz vídeos sobre política, literatura e o que mais aparecer pela frente. Ele começou a produzir vídeos com 15 anos e hoje vive disso.

Embora nem sempre concorde com sua opinião, é importante ter um jovem engajado e com pensamento crítico. O melhor de tudo é que ele realmente faz sucesso com os adolescentes, aliás, foram  meus alunos que me apresentaram os primeiros vídeos da série “Não Faz Sentido”.

O último vídeo publicado foi sobre a manifestação que está ocorrendo em vários estados do Brasil.



Vale lembrar que as manifestações começaram nas redes sociais e nos últimos dias não se fala em outra coisa no facebook e twitter.  

Quem ajudou  bastante a divulgar o novo gênero, o vlog  – abreviação para videolog, foi a novela “Malhação”, da Rede Globo. Nela encontramos Orelha, um personagem  nerd, viciado em tecnologia e edição de vídeos. Na novela, ele tem um canal chamado TV Orelha. O canal de fato existe: http://tvg.globo.com/novelas/malhacao/2012/especial-blog/tv-orelha/1.html.



Na trama há ainda mais dois blogueiros que produzem vídeos para postar na net. Uma delas é a Ju, filha de modelo, adora moda e dá diversas dicas de looks e maquiagem.


O outro é o Bruno, responsável pelo movimento denominado “C.R.A.U” – Comando Revolucionário dos Anarquista Unidos”. Com sua turma Bruno promove Palestras e eventos político-sociais.

Um dos movimentos mais interessantes foi intitulado "Rasgue seu rótulo". Mais uma vez a galera se reúne pra fazer vídeos nos quais se posicionam sobre diferenças. 
Vocês podem conferir em


Acompanho a novela desde que “Malhação” era uma academia e fazia tempo que não via uma temporada tão legal. Novela é outro gênero que procuro explorar bastante, pois faz parte de nossa cultura e somos muito bons em fazê-las. Mas esse é papo para outra aula. Voltemos ao Vlog.

Na novela, Orelha grava seus vídeos em seu quarto com o auxílio de duas câmeras: uma central - a webcam de seu computador - e outra lateral – um celular em um suporte. Os vídeos são gravados simultaneamente e depois editados pelo próprio personagem. Claro que sabemos que é a equipe da Rede Globo que faz as edições, mas é certo que há muitos adolescentes hoje que fazem isso muito bem. Há diversos vídeos na internet ensinando a trabalhar com esses programas. Particularmente defendo que todo professor deve saber lidar também com essas tecnologias, mas esse é outro assunto que nos aprofundaremos em outra aula.

Se vocês ou seus alunos não tiverem experiência nisso, podem fazer um vídeo com uma câmera só: a webcam ou o celular e utilizar o “moviemaker” para fazer a edição. Já há uma aula postada que ensina a fazer isso.

Comece organizando seus alunos por grupos e discuta com eles as possibilidades. Podem ser vídeos sobre música, política, séries de TV, um programa de entrevista, etc. As possibilidades são infindas. O importante é dividir o trabalho em etapas:

1-     Definir o formato: Entrevista? Dicas de moda? Política? Televisão?
2-     Escolher um nome para o canal
3-     Escrever o roteiro com a sinopse (resumo do que será discutido) do programa.
4-     Começar as filmagens
5-     Passar os arquivos para o computador
6-     Selecionar possível fundo musical para os vídeos
7-     Editar o vídeo
8-   Publicar (o professor deve solicitar autorização para publicar os vídeos na internet). Defina se cada grupo criará seu próprio blog para postar seus vídeos ou se todos serão publicado em um mesmo domínio.


Sabe-se que o processo de assimilação desses novos recursos é lento, mas, não restam dúvidas de que seja necessário depositar cada gota de intervenção, contribuição e aprendizado nos oceanos da internet.
Nesse sentido, é necessária uma reflexão com os educadores na área de linguagem sobre o seu novo papel no processo de ensino e aprendizagem, respondendo o porquê dos gêneros midiáticos digitais na escola. Lembrando que o papel da educação é o de educar o cidadão, com autonomia para tomar decisões e fazer escolhas com autonomia para pensar e agir. Isso exige acesso à informação. Além disso, é preciso saber o que fazer com essa informação.

A mediação do processo de ensino e aprendizagem com a construção do conhecimento por meio da utilização das tecnologias atuais é de fato um desafio para todos os professores. Mas, é necessário estar abertos para a busca de novos conhecimentos.

Até a próxima!

Fontes:








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